Retrato de uma noite


O telefone tocou. O convite da noite era uma choperia. Na mesa, eram sete pessoas. Todas animadas e descontraídas. O assunto era o mesmo de sempre. A futilidade com coisa alguma. Mas fazer o quê? Ultimamente as pessoas estão tão vazias, que acabei me acostumando.


Entre os copos de chopes e o passar das horas, a conversa entra no campo das fofocas, dos desejos alheios, das vontades e principalmente, das aventuras sexuais. De quem? Dos membros da roda, daqueles que não estavam presentes e simplesmente da vontade de ter uma aventura com alguém que acabara de passar ao lado da mesa.

Como se não bastasse, a vontade se ser alguém importante, bem requisitado, sucedido estão expressos nos toques da tela do celular e na postura de sentar. Nas redes sociais, “estou na choperia com...”, e a lista dos nomes. O jeito de agir é mais do que saliente quando um copo de bebida chama a atenção pelo tamanho. A primeira reação é solicitar um gole e uma dúzia de foto. Todas estão no Facebook.

No profile, a melhor imagem. A foto mostra o sorriso radiante! Mas por trás desta imagem, aquilo que as pessoas não sabem, é que a bebida era e foi paga por outra pessoa. De três copos de chope, um a foi solicitado gratuitamente ao gerente. O papel de descolado tem um preço.

Já era tarde da noite. As expressões etílicas denunciaram o fim do encontro. As risadas, os desejos, as fofocas, a superficialidade ficaram para outro dia. Os mesmos assuntos seriam tema de outro papel social. A aparência neste meio é mais significativa do que qualquer coisa.

A cada dia, o ter é importante do que o ser. Logo, ter “amigos”, vida social agitada, dinheiro (ou fingir que tem), entre outros, é superior em SER.

Um comentário:

  1. Maravilhoso texto.. Parece história conhecida.. todos nós temos um momento assim.. pessoas assim.. vontades como essa.. Prefiro ser qual como sou.. Mas ter tá difícil Jão..
    Bjos e parabéns pelo trabalho.. Tá lindo!!!
    Danúzia Brandão

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